Fotos: Ivan Monticelli (close-up) e rbras75
Moacyr Toledo Piza (São Paulo, 1891 – São Paulo, 25 de outubro de 1923), brilhante advogado e audaz escritor que toda São Paulo admirava.
Suicidou-se aos 32 anos de idade.
BIOGRAFIA
Era de família fina, sobrinho de senador, irmão de deputado, redator de vários jornais e ex-delegado de polícia nas cidades de Cruzeiro e Bragança . Foi também um poeta, terrível no verso satírico, boêmio, inseparável companheiro de mesa do poeta macarrônico Juó Bananére, do romancista Hilário Tácito (autor do grande sucesso de então, Madame Pommery) e de Voltolino, o ilustrador dos livros de Monteiro Lobato.
ÍNICIO DA TRAGÉDIA
Romilda Machiaverni, (Itália, 17 de outubro de 1902 – São Paulo, 25 de outubro de 1923) garota italiana que em 1904, aos 2 anos de idade chegou ao Brasil, desembarcou na São Paulo conservadora da década de 20, ex-costureira do Brás e ex-camareira de um hotelzinho na Rua Boa Vista, era dona de uma beleza estonteante. Cabelos curtos, 1,68 metro de altura, corpo frágil, um rosto aristocrático, lábios sempre pintados. Mas eram os seus olhos, aqueles olhos amendoados e dissimulados, que levaram dezenas de homens respeitados à loucura. Logo se tornou conhecida nas altas rodas paulistana como Nenê Romano, uma cortesã do luxo. Conquistou dezenas de fãs em São Paulo, incluindo nesta conta o presidente do Estado Washington Luís. A cortesã trabalhava numa casa na Rua Bento Freitas, no centro. Amada pelos homens, Nenê era simplesmente desprezada e odiada pelas mulheres da alta sociedade paulistana. Tanto que, em 1918, a cortesã levou uma navalhada no rosto, de dois capangas a mando da filha da poderosa fazendeira Maria Eugênia Junqueira - a garota ficou enciumada depois de ver seu preterido jogar um bilhetinho para Nenê no corso carnavalesco da Avenida Paulista.
Decidida a se vingar, Nenê procurou o combativo jornalista e advogado Moacyr de Toledo Piza, com a intenção de fazer andar um processo de indenização que se achava parado desde 1918, por injunções políticas. Apaixonaram-se. Ela, muito; ele, demais. Passaram dois anos assim, vagando pelas pensões, bares, teatros, restaurantes, arrabaldes, em automóveis alugados – ô vida! Era um amor apontado, daqueles recriminados nas conversas das famílias com um balançar de cabeças. Moacir não era rico; casar com tal pessoa em tal família, impossível. Com o tempo, a moça foi perdendo o entusiasmo, depois o amor, por fim o respeito. Começou a negligenciar a exclusividade que dedicara ao jornalista. Os amigos, penalizados com o estado do apaixonado, pensaram arranjar-lhe uma representação diplomática, tirá-lo da cidade, do país. Ele já não ia ao jornal, ausentara-se da banca de advogado. Ela, por fim, terminou a relação.
A TRAGÉDIA
Oito dias depois, no dia do aniversário dela, Moacir mandou-lhe de presente um faqueiro com um buquê de flores. Nenê recusou o presente. Moacir foi procurá-la, ela saía num carro de praça. Temendo uma cena na frente de casa, pediu que ele entrasse no automóvel. Pouco depois, na esquina da Rua Sergipe com a Avenida Angélica, dentro do carro, ele a matou com quatro tiros. O motorista voltou-se a tempo de ouvi-la dizer "Ai, Moacir", de vê-lo disparar um tiro no próprio coração e cair sobre ela. As amigas colocaram sobre o caixão dela o buquê de flores que ele havia mandado com o presente recusado.
Era uma época em que os homens, quando chegavam ao desatino de matar suas amadas, preferiam morrer com elas.
Fontes: Dimas de Oliveira Jr.-Diretor do curta metragem “Desatino” de 2008,
Ivan Ângelo (Revista Veja), Rodrigo Brancatelli (O Estado de S.Paulo)
Um comentário:
Dois jovens que se amaram intensamente mas o preço desse amor sem futuro foi altissimo.
Linda, tràgica, cruel e incrivel, a historia desse grande amor.
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