Indústria
Representação de São Paulo (cidade)
Origem árabe e cristã
ARTE TUMULAR
Descrição tumular:HRubiales
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Rizkallah Jorge Tahanian (1867 , cidade de Alepo, Síria – 1949,São Paulo, ), foi um especialista de fundição de cobre, imigrante sírio de origem Armênia.
BIOGRAFIA
Nunca teve a vida facilitada: era o mais velho de nove irmãos, perdeu a mãe ainda criança, não pôde estudar regularmente porque tinha de trabalhar com o pai, no ofício de aprendiz de artesão de cobre. Mas era tenaz e, depois que se desenvolveu profissionalmente, conseguiu ganhar dinheiro para contratar um professor particular (al-mukarre, aquele que ensina a ler). Levava sempre consigo seus cadernos e livros e não raro parava passantes e perguntava-lhes o significado de alguma palavra difícil (uma frustração: na Síria, nessa época, havia poucas pessoas alfabetizadas).
No trabalho, era aplicado. Seu pai, Jorge Tahan, trabalhava em uma indústria rudimentar, quase artesanal, e passou ao filho os segredos da fundição. Aos 20 anos, Rizkallah tinha voz de comando nos empreendimentos da família. Convenceu todos a mudar para a cidade de Homs, em busca de oportunidades. Depois que o pai morreu, casou-se com Zakie, filha de Nardo Naccache, um ouvires de sua cidade natal.
A PRIMEIRA FUNDIÇÃO DE COBRE
Quase perdeu todo o patrimônio da família durante uma crise da indústria de cobre. E, para recuperá-lo, decidiu imigrar, depois de saber de um grupo que iria para a América. Não para os Estados Unidos, mas para um país desconhecido, o Brasil. Quando tomou a decisão de vir para cá, não contou a ninguém, nem mesmo à mulher. Disse que iria numa viagem comercial para Homs, mas foi para Trípoli. Postou uma carta explicando tudo e embarcou em um vapor. Cinqüenta dias depois, estava no porto de Santos. Veio direto para São Paulo.
Aqui, conheceu outros imigrantes sírios, quase todos comerciantes de tecidos – que ele não conhecia nem tinha qualquer afinidade. Para sobreviver, empregou-se como faxineiro em uma loja que vendia metais importados. Depois de algum tempo, driblando as dificuldades iniciais da língua, e mostrando suas habilidades de artesão, Rizkallah Jorge associou-se a seu patrão. Acabou comprando a loja de materiais.
Agora dono, Rizkallah Jorge decidiu abrir, em 20 de maio de 1898, a primeira fundição de cobre do Brasil e possivelmente da América do Sul. Sob o nome de Rizkallah Jorge e Cia., nascia uma empresa que seria conhecida em todo o País como Casa da Bóia. A empresa produzia arandelas, gradis e candelabros. Quando os negócios melhoraram, Rizkallah Jorge trouxe sua família para ocupar a parte de cima do sobrado do número 123 da Florêncio de Abreu. No térreo, ficava a loja e a fundição.
A grande oportunidade surgiu em 1903, quando o governo de Rodrigues Alves, presidente do Estado de São Paulo, decidiu melhorar a condição sanitária da cidade, acabar com as doenças e erradicar a febre amarela. Já então com 500 mil habitantes, São Paulo não tinha uma rede de esgotos, os dejetos acumulavam-se em cisternas e o
lixo, nas ruas. Com a atuação do médico sanitarista Oswaldo Cruz e do diretor do Serviço Sanitário de São Paulo, Emílio Ribas, o presidente (equivalente a governador, hoje) Rodrigues Alves iniciou uma campanha para explicar ao público as necessidades de higiene e de saúde.
Foi a melhor oportunidade para Rizkallah Jorge. Visão aguçada e mente aberta, ele começou a produzir material sanitário. À medida que avançava a campanha pela higiene, avançavam as vendas de sifões, canos, caixas de descarga e, claro, bóias de caixas d'água. Como vendia tais materiais para todo o Brasil, a empresa ficou conhecida como Casa da Bóia, denominação informal, só oficializada em 1951.
Nome marcante da cidade
Entre 1935 e 1940, Rizkallah passou o comando da empresa aos três filhos. Mas já sabia que não teria como concorrer com as indústrias que então passaram a fabricar em larga escala – mais barato – os materiais que ele produzia. Por isso mesmo, havia transformado a Casa da Bóia em loja comercial especializada em peças feitas pelas grandes fábricas. Quando ele morreu, em 1949, a casa já estava consolidada como um dos mais importantes representantes da indústria de metais, revendendo produtos como canos, fios e chapas de cobre, latão e aço. Os anos de 1940 a 1960 foram de transformação no País e nos negócios.
Ao longo de sua vida, Rizkallah Jorge marcou a cidade não só com a Casa da Bóia, mas com várias obras que ele ajudou a construir. Foi ele diretamente responsável pelo templo da primeira igreja armênia da Capital, ao lado da atual estação Armênia do metrô. Também pela sede do Esporte Clube Sírio, na esquina da 23 de Maio com a Indianópolis, que leva seu nome. E um pavimento inteiro, também com seu nome, no primeiro prédio do Hospital Sírio-Libanês. Obras não físicas estão na memória dos parentes de imigrantes libaneses que ele ajudou, hospedando em sua casa e encaminhando para empregos.
Fontes:
www.cao.org.br/rizkallahjorge.aspx
www.dcomercio.com.br
Formatação e pesquisa:HRubiales
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